É bem verdade que a carreira de Madonna como actriz de cinema inclui algumas escolhas, no mínimo, discutíveis. Em todo o caso, isso não justifica que se rasurem as cerca de duas dezenas de títulos em que, até agora, surgiu. Nem sequer se pode dizer que tais títulos sejam exteriores à sua evolução no campo da música, já que, por vezes, houve claras contaminações entre os dois universos.
Desesperadamente Procurando Susana (1985), em que Madonna contracena com Rosana Arquette, é disso um belo exemplo. A realizadora Susan Seidelman, nome da produção independente novaiorquina (revelada três anos antes com Smithereens), compreendeu que havia em Madonna as marcas de uma toda uma nova iconografia pop de que os primeiros telediscos — desembocando no veneziano Like a Virgin (1984), dirigido por Mary Lambert — era a exuberante concretização. Aliás, o confronto com Arquette pressupõe um irónico subtexto: tratava-se de experimentar a pose anarquizante de Madonna face à iconografia clássica da sua companheira loura. O resultado é uma deliciosa comédia de costumes e, certamente não por acaso, para a evocarmos só precisámos de citar nomes de mulheres.
quarta-feira, setembro 02, 2009
Cine-Madonna (1/7)
Está a chegar Sujidade e Sabedoria (estreia: 10 Setembro), primeiro filme de Madonna cineasta, suscitando memórias do seu trajecto em cinema — é uma boa oportunidade para revisitarmos alguns dos seus trabalhos como actriz, começando por recusar a mitologia negativa que considera a sua carreira "irrelevante".