sábado, setembro 05, 2009

Cine-Madonna (3/7)

Está a chegar Sujidade e Sabedoria (estreia: 10 Setembro), primeiro filme de Madonna cineasta, suscitando memórias do seu trajecto em cinema — é uma boa oportunidade para revisitarmos alguns dos seus trabalhos como actriz, começando por recusar a mitologia negativa que considera a sua carreira "irrelevante". [1] [2]

Quando olhamos para o cartaz de A League of Their Own (1992), entre nós chamado Liga de Mulheres, o trio de vedetas -- Geena Davis, Tom Hanks e Madonna -- é, no mínimo, desconcertante. Em boa verdade, o nome que "desequilibrava" o valor simbólico do painel era o de Tom Hanks. Geena Davis tinha ganho o seu Oscar (melhor actriz secundária) com O Turista Acidental (1988). Madonna, desde o impacto do álbum Like a Prayer (1989), era, muito simplesmente, uma estrela planetária. Quanto a Tom Hanks (admirável actor, não é isso que está em causa), mesmo com a nomeação para o Oscar conseguida com Big (1988), continuava sujeito à etiqueta de "apenas" actor de comédia, maldição que já deixou marcas cruéis em muita gente talentosa.
O filme inspira-se num capítulo insólito da história do baseball americano: a criação de uma liga de equipas femininas, quando a conjuntura da Segunda Guerra Mundial pôs em causa os campeonatos masculinos. Dirigido por Penny Marshall, precisamente a realizadora de Big, o filme tem um subtil subtexto feminista, ancorado em personagens simples, mas contrastadas, assumidas por Geena Davis, Madonna, Lori Petty e Rosie O'Donnell. Tom Hanks surge numa personagem de inesperado negrume: o treinador que tenta superar a sua dependência do álcool. Seria também uma maneira de Hanks demonstrar a sua espantosa verve dramática -- no ano seguinte, surgia em Filadélfia. Madonna interpretava a canção-tema, This Used to Be My Playground, consagrada por um belíssimo teledisco, assinado por Alek Keshishian.