Reflectindo um trabalho regular sobre as convulsões da história americana, a HBO está a lançar uma série sobre Saddam Hussein — este texto foi publicado no Diário de Notícias (5 de Dezembro), com o título 'Saddam pela HBO'.
Nos EUA, o canal HBO vai emitir em estreia, nos dois próximos domingos (dias 7 e 14), uma mini-série sobre Saddam Hussein. Chama-se House of Saddam, tem quatro episódios (dois dirigidos por Alex Holmes, dois por Jim O’Hanlon) e apresenta como lema promocional esta frase sugestiva: “Ele construiu um império com o sangue de uma nação”.
Independentemente do maior ou menor interesse da série (para já, não há notícias sobre uma eventual aquisição para Portugal), vale a pena sublinhar um facto que, de tão óbvio, tantas vezes menosprezamos como “natural”. Assim, hoje em dia, a ficção televisiva revela uma capacidade de reacção à actualidade que se traduz numa surpreendente “velocidade”. Conseguir montar um projecto sobre Hussein ainda com George W. Bush no poder constitui, no mínimo, uma assinalável proeza mediática.
Dir-se-á que o cinema também não tem andado distraído, gerando alguns filmes brilhantes sobre a história recente dos EUA (e do mundo) como Peões em Jogo, de Robert Redford, No Vale de Elah, de Paul Haggis, ou Censurado, de Brian de Palma. Todos eles propõem subtis abordagens do envolvimento americano no Afeganistão e no Iraque e todos eles foram consideráveis... falhanços comerciais. O mesmo se poderá dizer, aliás, àcerca do recente e brilhantíssimo W., de Oliver Stone, sobre o Presidente Bush.
A questão, simultaneamente comercial e industrial, cultural e política, tem a ver com o avassalador poder da televisão: mal ou bem (muitas vezes, mais mal que bem...), as formas de percepção do nosso mundo são filtradas pela televisão e pelas suas formas narrativas. O poder de mobilização colectiva do cinema está transferido para a televisão, lugar onde já não há comunidades sociais, mas apenas audiências abstractas.
Este é um grande e estimulante problema cultural sobre o qual operadores televisivos e membros da classe política poderiam (e, a meu ver, deveriam) reflectir um pouco mais. Entretanto, para que se saiba que nem todo o planeta está obrigado a ver telenovelas à hora do jantar, talvez seja importante referir que as primeiras transmissões de House of Saddam acontecerão, na HBO, às nove horas da noite.
Nos EUA, o canal HBO vai emitir em estreia, nos dois próximos domingos (dias 7 e 14), uma mini-série sobre Saddam Hussein. Chama-se House of Saddam, tem quatro episódios (dois dirigidos por Alex Holmes, dois por Jim O’Hanlon) e apresenta como lema promocional esta frase sugestiva: “Ele construiu um império com o sangue de uma nação”.
Independentemente do maior ou menor interesse da série (para já, não há notícias sobre uma eventual aquisição para Portugal), vale a pena sublinhar um facto que, de tão óbvio, tantas vezes menosprezamos como “natural”. Assim, hoje em dia, a ficção televisiva revela uma capacidade de reacção à actualidade que se traduz numa surpreendente “velocidade”. Conseguir montar um projecto sobre Hussein ainda com George W. Bush no poder constitui, no mínimo, uma assinalável proeza mediática.
Dir-se-á que o cinema também não tem andado distraído, gerando alguns filmes brilhantes sobre a história recente dos EUA (e do mundo) como Peões em Jogo, de Robert Redford, No Vale de Elah, de Paul Haggis, ou Censurado, de Brian de Palma. Todos eles propõem subtis abordagens do envolvimento americano no Afeganistão e no Iraque e todos eles foram consideráveis... falhanços comerciais. O mesmo se poderá dizer, aliás, àcerca do recente e brilhantíssimo W., de Oliver Stone, sobre o Presidente Bush.
A questão, simultaneamente comercial e industrial, cultural e política, tem a ver com o avassalador poder da televisão: mal ou bem (muitas vezes, mais mal que bem...), as formas de percepção do nosso mundo são filtradas pela televisão e pelas suas formas narrativas. O poder de mobilização colectiva do cinema está transferido para a televisão, lugar onde já não há comunidades sociais, mas apenas audiências abstractas.
Este é um grande e estimulante problema cultural sobre o qual operadores televisivos e membros da classe política poderiam (e, a meu ver, deveriam) reflectir um pouco mais. Entretanto, para que se saiba que nem todo o planeta está obrigado a ver telenovelas à hora do jantar, talvez seja importante referir que as primeiras transmissões de House of Saddam acontecerão, na HBO, às nove horas da noite.