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Paul Thomas Anderson filma a relação persona-gem/paisagem como algo que, por princípio, es-tá em crise. A história (no sentido narrativo, mas também no plano historiográfico) nasce da tensão nunca aquietada entre o indivíduo e o espaço. No seu limite mais trágico, a perso-nagem pode ter nas suas costas — digamos, no seu contracampo — a prova cruel das atribula-ções da sua própria ocupação da paisagem. Nesta perspectiva, na sua desencantada poética, Haverá Sangue pode ser considerado um herdeiro perverso dos mais notáveis westerns críticos dos anos 60/70, como por exemplo The Wild Bunch/A Quadrilha Selvagem (1969), de Sam Peckinpah, e Tell Them Willie Boy Is Here/O Vale do Fugitivo (1970), de Abraham Polonsky. Em todos eles perpassa a utopia de uma nação ferida na sua própria relação com a paisagem — todos os heróis são inapelavelmente solitários.
> Outras paisagens: Nome de Código: Cloverfield / Eu Sou a Lenda / O Lado Selvagem.
> Outras paisagens: Nome de Código: Cloverfield / Eu Sou a Lenda / O Lado Selvagem.