A Estátua da Liberdade sem cabeça — uma velha ironia simbólica (originária de Planet of the Apes/O Homem que Veio do Futuro, filme de 1968 dirigido por Franklin J. Schaffner), agora retomada em Nome de Código: Cloverfield, produzido por J.J. Abrams e realizado por Matt Reeves.
Pode ser um primeiro e esclarecedor exemplo de um processo dramático — no sentido narrativo e também em termos emocionais — que está a atravessar muitas zonas temáticas e de produção do cinema americano. A saber: como representar o corpo vivo do país? Ou melhor: que paisagens, visíveis e imaginárias, realistas ou fantásticas, emergem como matéria iconográfica de um país rasgado por muitas formas de questionamento da sua identidade? E a palavra identidade deverá ser entendida, aqui, em duplo sentido: identidade como percepção interna do colectivo e identidade enquanto estatuto político-moral construído através das acções (políticas, económicas, militares) além-fronteiras.
O caso de Nome de Código: Cloverfield apresenta uma curiosidade meramente sintomática. Isto porque o seu conceito tende a confundir-se com uma típica campanha publicitária: eis um "filme-da-idade-dos-telemóveis" (de facto, encenado como sendo registado pela câmara de video de uma das personagens) com o suplemento de um "monstro", suplemento esse traduzido em efeitos simbólicos previamente expostos — sendo a decapitação da Estátua da Liberdade, também elemento figurativo do cartaz, a súmula de tal estratégia.
Pode ser um primeiro e esclarecedor exemplo de um processo dramático — no sentido narrativo e também em termos emocionais — que está a atravessar muitas zonas temáticas e de produção do cinema americano. A saber: como representar o corpo vivo do país? Ou melhor: que paisagens, visíveis e imaginárias, realistas ou fantásticas, emergem como matéria iconográfica de um país rasgado por muitas formas de questionamento da sua identidade? E a palavra identidade deverá ser entendida, aqui, em duplo sentido: identidade como percepção interna do colectivo e identidade enquanto estatuto político-moral construído através das acções (políticas, económicas, militares) além-fronteiras.
O caso de Nome de Código: Cloverfield apresenta uma curiosidade meramente sintomática. Isto porque o seu conceito tende a confundir-se com uma típica campanha publicitária: eis um "filme-da-idade-dos-telemóveis" (de facto, encenado como sendo registado pela câmara de video de uma das personagens) com o suplemento de um "monstro", suplemento esse traduzido em efeitos simbólicos previamente expostos — sendo a decapitação da Estátua da Liberdade, também elemento figurativo do cartaz, a súmula de tal estratégia.
Na prática, estamos perante o novo modelo do filme-trailer. Os 30 segundos do spot televisivo (em baixo) mostram "tudo", sendo o filme a expansão metódica e redundante dos seus dados. Solicita-se, assim, o espectador em nome do inverso do tema proposto: sugere-se um medo global e visceral, ao mesmo tempo que se mobiliza o público para "descobrir" o que já sabe, isto é, para não enfrentar as raízes do medo. As paisagens são, neste caso, esvaziadas de história e, literalmente, instrumentalizadas.