De Birth (2004), de Jonathan Glazer, a Sedução, Conspiração (2007), de Ang Lee, o compositor francês Alexandre Desplat tornou-se um nome marcante da actual música para cinema. Sintomaticamente, ele é alguém que cultiva as memórias cinéfilas, sabendo revalorizar a herança plural da própria cinematografia francesa.
No registo Nouvelles Vagues, Desplat utiliza o Traffic Quintet para, a partir das suas próprias transcrições, propor uma fascinante revisitação de alguns temas lendários de títulos da Nova Vaga. Estão representados compositores como Antoine Duhamel (com o tema de Pedro o Louco, de Jean-Luc Godard) e Georges Delerue (O Desprezo, de Godard; Jules e Jim, de François Truffaut). De qualquer modo, a selecção expande-se até ao começo do século XXI (nomeadamente com trabalhos do próprio Desplat para vários filmes de Jacques Audiard, incluindo Nos Meus Lábios), incluindo derivações insólitas, mas sedutoras, como a música de Gato Barbieri para O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci — eis um álbum que é um exemplo magnífico de uma cinefilia musical que cultiva a memória sem ficar enredada na sua nostalgia.