Steven Spielberg durante a rodagem |
As primeiras imagens de As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne foram apresentadas à imprensa internacional num encontro num hotel de Paris — estes textos foram publicados no Diário de Notícias (20 de Agosto).
A gestação de As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne foi longa e complexa. Em boa verdade, Steven Spielberg ambicionava filmar Tintin desde os tempos de Os Salteadores da Arca Perdida (1981). Foi, aliás, um texto crítico (francês) sobre este filme que o pôs na pista do herói criado pelo belga Hergé: o texto comparava sistematicamente a personagem de Indiana Jones a Tintin e Spielberg quis saber... quem era esse Tintin!
Por mais estranho que possa parecer, Spielberg era apenas um dos muitos americanos que nunca ouvira falar de Tintin: os seus álbuns nunca tiveram nos EUA o impacto que conseguiram na Europa e noutros continentes. O certo é que, ao descobrir os quadradinhos de Tintin, Spielberg rapidamente reconheceu uma riqueza visual e uma agilidade narrativa que faziam deles uma espécie de storyboard quase pronta a ser filmada.
O projecto começou por ser pensado em “imagem real”, mas foi sendo adiado em função de outras opções criativas de Spielberg que, em 2002, teve de renovar os direitos de adaptação. Por essa altura, começou a ganhar consistência a hipótese de fazer um filme de animação (à semelhança do que tinha acontecido na Europa, quer em cinema, quer em televisão).
Entretanto, a evolução das técnicas digitais gerou novas formas figurativas. A “performance capture”, em particular, criou uma via híbrida: filmar actores e, depois, tratar as respectivas imagens como se fossem matéria de animação. Spielberg optou por essa possibilidade depois de, em 2006, por sugestão de Peter Jackson, ter feito um teste com o actor Andy Serkis. Foi em Los Angeles, na presença de dois cineastas que já tinham aplicado a nova tecnologia: James Cameron (que estava a filmar Avatar) e Robert Zemeckis (Polar Express, Beowulf). Do diálogo com Jackson, acabou por surgir um projecto global de reconversão de Tintin ao cinema: três filmes baseados em Hergé, sendo o primeiro de Spielberg, o segundo de Jackson e o terceiro, em princípio, co-realizado pelos dois; o tratamento digital das imagens é feito na Weta Digital, estúdio de Peter Jackson sediado na Nova Zelândia.
As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne inspira-se em três álbuns de Hergé: O Caranguejo das Tenazes de Ouro, O Tesouso de Rackham, o Terrível e, claro, aquele que o título refere (publicados entre 1941 e 1944). A estreia mundial vai ocorrer na Bélgica, a 26 de Outubro, surgindo no dia seguinte em vários países europeus (incluindo Portugal). O lançamento nas salas americanas ocorrerá na época natalícia, a 23 de Dezembro.