Ecos da vivência de dois lugares chegam-nos através das obras de Delius
aqui gravadas pela BBC Symphony Orchestra, dirigida por Sir Andrew Davies.
A edição cabe à Chandos.
Entre finais do século XIX e inícios do século XX encontramos, em várias latitudes e longitudes, exemplos de retratos de paisagens feitos através da música. Do britânico Ferderick Delius (1862-1934) chegam-nos aqui dois olhares, um evocando uma passagem pelos Estados Unidos, o outro traduzindo sucessivos verões vividos na Noruega.
Appalachia (o título ecoa desde logo um velho nome índio para a América do Norte) recorda os dias em que Delius viveu na Florida e onde descobriu toda uma cultura ligada à população negra e, em concreto, velhos cantos dos dias da escravatura. Foi numa visita a uma fábrica de tabaco, na Virginia, que escutou uma canção que serviu de inspiração para uma obra orquestral, com coro e solista. De uma primeira versão, sem vozes, criada em 1896 partiu depois para uma segunda, à qual chamou Appalachia: Variations on an Old Slave Song, e que teve estreia na Alemanha, em 1904. Pela música correm ecos de uma ideia de música americana que encontrariam depois seguidores entre compositores ao serviço do cinema.
Mais longas são as experiências que desencadearam a escrita de The Song Of The High Hills, outro retrato para coro e orquestra, este contudo motivado pela sucessiva vivência das paisagens, gentes e lugares que o compositor conheceu na Noruega, onde esteve pela primeira vez em 1887, ali regressando inúmeras vezes em anos seguintes. Foi ali que contactou com outros jovens músicos escandinavos e conheceu Edward Grieg, que se tornou grande amigo e mentor seu. The Songs Of The High Hills nasceu da vontade em sugerir as impressões de uma noite de verão entre as montanhas da Noruega, ora retratando os tons imponentes da paisagem ora expressando uma certa melancolia que habita quem vive a solidão das grandes altitudes.