FOTO Heiko Purnhagen[1] Ao piano, por vezes aplicando algumas derivações electrónicas, Pat Thomas [foto] emerge como uma espécie de discreto líder do conjunto formado com Raymond Strid (bateria) e Clayton Thomas (contrabaixo) — o trio Thomas/Strid/Thomas desafia as próprias regras da matriz que assume como ambígua herança.
Como se viu na Fundação Gulbenkian (dia 15), tudo isso envolve qualquer coisa de inevitavelmente paradoxal: desde logo porque o piano está a assumir a função tradicional de pólo organizador do regime de improvisações; depois, porque essas improvisações se pautam por uma imensa liberdade de gestos e escolhas (em particular dos artefactos para alterar os sons "normais" dos instrumentos). Com alguma ironia, os resultados finais não põem em causa o protagonismo do piano, mesmo se — ou também porque — ele vai aceitando reapropriar-se das derivações que os outros, através da sua inspiração original, puseram a funcionar. O video que aqui se divulga (origem desconhecida), ainda que tecnicamente deficiente, pode ajudar a compreender um pouco da dimensão festiva, mas também intimista, de tão singular empreendimento.