
Seja como for, A Estrada deixa-nos algo de cinematograficamente precioso, por assim dizer o anti-2012 [Emmerich]. Assim, em vez de um cataclismo digital, reduzido ao look pueril de um banal jogo de video, este é, insolitamente, um filme sobre o retorno do material [contra o virtual]. O espantoso trabalho da equipa cenográfica — Chris Kennedy (production design), Gershon Ginsburg (art direction) e Robert Greenfield (set decoration) — vai, todo ele, no sentido de reforçar uma intensa verdade das paisagens, dos objectos e, em particular, de tudo aquilo que é detrito ou ruína. Dir-se-ia que reencontramos, aqui, a paixão do real que perpassa também por O Sítio das Coisas Selvagens. Ou como algum cinema americano quer, literalmente, descer à terra.