terça-feira, fevereiro 10, 2009

Jerry Lewis nos Oscars (2)

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Quem é, afinal, o tão genial — e tão esquecido — Jerry Lewis que, na próxima noite dos Oscars, vai receber o Prémio Humanitário Jean Hersholt? Digamos, para simplificar, que é alguém que nos ajuda a resistir ao lugar-comum, sempre de êxito fácil em todos os contextos (com destaque para a televisão e a blogosfera), que teima em opor o o cinema "popular" ao cinema "intelectual". Nenhuma generalização faz justiça à complexidade dos filmes e da vida. E Jerry, justamente, é alguém que não pode ser reduzido a cliché de nenhum dos "lados" — além de que dois lados é sempre pouco para pensar seja o que for...
Vêmo-lo, aqui, nos anos 60, isto é, no período de maior fulgor — porque também de maior regularidade — do seu trabalho de actor/realizador/produtor: primeiro, na capa dos Cahiers du Cinéma de Junho de 1962 (por altura da estreia francesa de O Homem das Mulheres); depois, em Abril de 1968, numa aventura de banda desenhada, com chancela da DC Comics, contracenando com Superman. Não haveria maneira mais sugestiva de definir os seus filmes dessa época, sobretudo os que também realizou: são emanações da mais genuína cultura popular que, ao mesmo tempo, souberam transfigurar e, em alguns aspectos, revolucionar a paisagem artística e industrial de Hollywood.

>>> Cena de The Patsy/Jerry 8 3/4 (1964): Jerry é um empregado de hotelaria que é "forçado" a ocupar o lugar de uma grande estrela de cinema que faleceu; para o conseguir, é sujeito a lições intensivas nas mais diversas áreas — esta é a lição de piano. Jerry surge acompanhado por Ina Balin; o professor é interpretado por Hans Conried.