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As mudanças de aspecto de Brad Pitt em O Estranho Caso de Benjamin Button constituem um capítulo novo na saga das relações entre actores e tecnologia digital. Já sabíamos que, para o melhor ou para o pior, o digital tinha aberto todas as possibilidades de transfiguração — bela palavra: trans-figuração — das imagens, em particular das imagens dos corpos. Nessa obra-prima absolutamente pioneira que é Dead Ringers/Irmãos Inseparáveis (1988), de David Cronenberg, víramos mesmo Jeremy Irons a contracenar com... Jeremy Irons, numa dualidade que, desde logo, sinalizou as questões em aberto: o actor era também aquele que passava a representar, de modo diferente, para o seu próprio fantasma.
Com Benjamin Button, aliás, Brad Pitt, David Fincher força os limites, não apenas do cinema como mecanismo perverso do tempo — logo da paixão da vida e do pressentimento da morte —, mas também como registo ambivalente da verdade inapagável do corpo do actor. Dir-se-ia que o corpo passou a ser, não apenas um veículo de representações, mas uma tela (no sentido pictórico, por que não?) em que os humanos e as suas máquinas inscrevem os sobressaltos de um destino: infância e morte, objectividade e máscara, tudo se toca, tudo se contamina.
É sobre tudo isso, aliás, que Cronenberg fez uma prodigiosa curta-metragem intitulada Camera (2000), integrada nas comemorações dos 25 anos do Festival de Toronto. Neste caso, sublinhe-se, a partir do confronto clássico entre um actor e uma câmara — vale a pena ver.
As mudanças de aspecto de Brad Pitt em O Estranho Caso de Benjamin Button constituem um capítulo novo na saga das relações entre actores e tecnologia digital. Já sabíamos que, para o melhor ou para o pior, o digital tinha aberto todas as possibilidades de transfiguração — bela palavra: trans-figuração — das imagens, em particular das imagens dos corpos. Nessa obra-prima absolutamente pioneira que é Dead Ringers/Irmãos Inseparáveis (1988), de David Cronenberg, víramos mesmo Jeremy Irons a contracenar com... Jeremy Irons, numa dualidade que, desde logo, sinalizou as questões em aberto: o actor era também aquele que passava a representar, de modo diferente, para o seu próprio fantasma.
Com Benjamin Button, aliás, Brad Pitt, David Fincher força os limites, não apenas do cinema como mecanismo perverso do tempo — logo da paixão da vida e do pressentimento da morte —, mas também como registo ambivalente da verdade inapagável do corpo do actor. Dir-se-ia que o corpo passou a ser, não apenas um veículo de representações, mas uma tela (no sentido pictórico, por que não?) em que os humanos e as suas máquinas inscrevem os sobressaltos de um destino: infância e morte, objectividade e máscara, tudo se toca, tudo se contamina.
É sobre tudo isso, aliás, que Cronenberg fez uma prodigiosa curta-metragem intitulada Camera (2000), integrada nas comemorações dos 25 anos do Festival de Toronto. Neste caso, sublinhe-se, a partir do confronto clássico entre um actor e uma câmara — vale a pena ver.
>>> David Fincher fala dos efeitos digitais de O Estranho Caso de Benjamin Button.