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Melodrama tecido de negrume e desencanto, à maneira clássica expondo a lenta desagregação de uma família e, também seguindo a lógica de muitos clássicos dos anos 50/60 (vale a pena revisitar Vincente Minnelli), explorando o formato largo (
scope) das imagens, criando paisagens de cru, por vezes cruel, intimismo — chama-se
Os Três Macacos, tem direcção do turco Nuri Bilge Ceylan, foi um grande momento de Cannes 2008 (prémio de
realização) e é um dos últimos grandes títulos a estrear este ano entre nós.
Num certo sentido, não andamos longe da experiência de
Bubble (2005), de Steven Soderbergh, entre nós infelizmente apenas lançado em DVD — mesma atenção maníaca aos fantasmas que assombram os cenários familiares e, em particular, mesma aplicação metódica de uma câmara digital para (re)trabalhar o formato largo. Trata-se, afinal, de "forçar" as novas potencialidades do video de alta definição, paradoxalmente estabelecendo as regras de um novo realismo — na Turquia como nos EUA.