
Com Bubble, Steven Soderbergh arriscou uma estratégia cujos efeitos práticos e simbólicos ainda não podemos medir: o lançamento simultâneo, nos EUA, em sala, DVD e na televisão por cabo. Em Portugal, o filme sai apenas em DVD, o que, não deixando de ser positivo (antes isso que o completo esquecimento comercial), impede que o descubramos num grande ecrã para o qual, obviamente, também foi concebido.
Ponto muito negativo da edição em DVD é o facto de a opção de legendas... não existir. Isto porque só é possível ver o filme... com legendas. Não é caso único no panorama recente do mercado, o que faz temer que se esteja a desenhar mais uma "tendência" típica do novo-riquismo que invade todos os campos da vida cultural. Sendo o DVD, por princípio, um sistema que favorece a multiplicação das opções do consumidor, obrigar esse mesmo consumidor a ter sempre legendas num filme é um absurdo que, em última instância, o poderá repelir — até porque no mundo global em que vivemos, a maior parte dos interessados tem acesso automático a compras noutros mercados, capazes de satisfazer as suas opções de consumo.