terça-feira, abril 22, 2008

Alain Resnais ou... Pete Travis?...

Como é que as televisões divulgam o cinema? O cinema europeu? E o americano? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (19 Abril), com o título 'Europa vs. EUA'.

Por que é que as televisões generalistas facilmente passam imagens (trailers, entrevistas, etc.) das produções americanas e dão tão pouca visibilidade a muitos filmes europeus que vão estreando nas salas? Entenda-se: não se trata de atrair essa estupidez preconceituosa que manda detestar “todo” o cinema americano e ser indulgente com “todo” o cinema europeu. Aliás, se é preciso algum esclarecimento nesse campo, recordo que continuo a considerar a cinematografia americana como a mais fascinante da actualidade, das poucas capazes de integrar e fazer coexistir as mais impressionantes diferenças e contradições.
A questão é mais prática. E, se quiserem, mais rudimentar. Poderíamos até quantificá-la: por que é que qualquer produto rotineiro de Hollywood (por exemplo: Ponto de Mira, de Pete Travis) recebe automaticamente muito maior visibilidade televisiva que algumas obras-primas de raiz europeia (por exemplo: Corações, de Alain Resnais). Para além de muitas explicações conjunturais, é preciso dizer que este estado de coisas decorre de um velho pecado jornalístico: a indiferença.