
Acompanhada ao piano pelo sempre preciso e elegante Malcolm Martineau — que ainda recentemente víramos com Magdalena Kozená —, Kirchschlager propôs um recital dominado pelo lied romântico, com peças de Felix Mendelssohn-Bartholdy, Franz Liszt, Antonín Dvorák (Canções de Amor) e Johannes Brahms (Canções Ciganas). Os temas de Liszt, em particular, começando por Im Rhein, im schönen Strome, de Heinrich Heine, deixaram essa marca profunda, também ela paradoxal, de uma serenidade atravessada pela sempre imponderável violência do trágico. Em resumo, um grande concerto, a confirmar que, mesmo sem estar dominada por "pesos pesados", a temporada de canto da Gulbenkian continua o seu trajecto modelar.