Ciclicamente, a pergunta regressa: afinal, cinematograficamente, onde está a vanguarda? Nos confins da mais marginal produção europeia? Na última novidade da mais exótica criatividade asiática? Porventura aqui mesmo, ao virar da nossa esquina geográfica ou cultural?...
Pode estar — e provavelmente estará — em todos esses lugares: não podemos nem devemos marginalizar ninguém nessa possibilidade. Mas está também no cinema dos EUA. Onde? Nos derradeiros circuitos da mais militante produção independente? Sim, eventualmente. Mas também no coração de Hollywood.
A prova, mais uma, chega-nos agora com o prodigioso Zodiac, de David Fincher. Depois de O Bom Alemão, de Steven Soderbergh, depois de Inland Empire, de David Lynch (este, pelo menos neste caso, a trabalhar como um genuíno independente), Zodiac é a exuberante ilustração de uma verdade recalcada por muitos preconceitos ideológicos e culturais: muito do cinema mais ousado e verdadeiramente experimental da actualidade está no coração da maior indústria cinematográfica do mundo. Não porque nela se podem multiplicar efeitos especiais mais ou menos gratuitos (veja-se o caso de Homem-Aranha 3), mas porque as novas tecnologias — neste caso, a filmagem com a câmara Thomson Viper — podem servir para interrogar as próprias representações do mundo.
Zodiac é isso: um filme que, a partir da história (verídica) de um serial killer, percorre os labirintos de um mundo (anos 60/70) a viver uma transfiguração radical dos padrões de comportamento, desde o espaço familiar até ao novo território público gerado pela ocupação do quotidiano pelas mensagens televisivas. O filme estreia-se entre nós na quinta-feira, dia 17; no mesmo dia, passa no Festival de Cannes, integrado na secção competitiva.
Pode estar — e provavelmente estará — em todos esses lugares: não podemos nem devemos marginalizar ninguém nessa possibilidade. Mas está também no cinema dos EUA. Onde? Nos derradeiros circuitos da mais militante produção independente? Sim, eventualmente. Mas também no coração de Hollywood.
A prova, mais uma, chega-nos agora com o prodigioso Zodiac, de David Fincher. Depois de O Bom Alemão, de Steven Soderbergh, depois de Inland Empire, de David Lynch (este, pelo menos neste caso, a trabalhar como um genuíno independente), Zodiac é a exuberante ilustração de uma verdade recalcada por muitos preconceitos ideológicos e culturais: muito do cinema mais ousado e verdadeiramente experimental da actualidade está no coração da maior indústria cinematográfica do mundo. Não porque nela se podem multiplicar efeitos especiais mais ou menos gratuitos (veja-se o caso de Homem-Aranha 3), mas porque as novas tecnologias — neste caso, a filmagem com a câmara Thomson Viper — podem servir para interrogar as próprias representações do mundo.
Zodiac é isso: um filme que, a partir da história (verídica) de um serial killer, percorre os labirintos de um mundo (anos 60/70) a viver uma transfiguração radical dos padrões de comportamento, desde o espaço familiar até ao novo território público gerado pela ocupação do quotidiano pelas mensagens televisivas. O filme estreia-se entre nós na quinta-feira, dia 17; no mesmo dia, passa no Festival de Cannes, integrado na secção competitiva.