(conclusão de post de 27 de Abril)
10. Torna-se quase uma redundância, mas é preciso lembrá-lo: Inland Empire é um filme situado, encenado e vivido no coração de Hollywood — mesmo se, pelos seus recursos, possui uma identidade financeira típica do mais austero cinema independente. David Lynch procura, assim, uma espécie de reverso fantasmático dos clássicos contos de fantasmas do próprio cinema americano. Lembremos, por exemplo, o inevitável Sunset Boulevard / O Crepúsculo dos Deuses (1950), de Billy Wilder. Aí, Hollywood era um imenso cemitério das suas próprias glórias. Agora, sob o olhar de Lynch, Hollywood espraia-se como uma galáxia de gritos e detritos onde já não é possível encontrar nenhuma certeza nem cumprir nenhuma destino. No limite, quando vemos Laura Dern e Justin Theroux, algures num canto do estúdio à espera que as filmagens retomem, sentimos que o real se transfigurou até à máxima insensatez: tudo é ficção.
10. Torna-se quase uma redundância, mas é preciso lembrá-lo: Inland Empire é um filme situado, encenado e vivido no coração de Hollywood — mesmo se, pelos seus recursos, possui uma identidade financeira típica do mais austero cinema independente. David Lynch procura, assim, uma espécie de reverso fantasmático dos clássicos contos de fantasmas do próprio cinema americano. Lembremos, por exemplo, o inevitável Sunset Boulevard / O Crepúsculo dos Deuses (1950), de Billy Wilder. Aí, Hollywood era um imenso cemitério das suas próprias glórias. Agora, sob o olhar de Lynch, Hollywood espraia-se como uma galáxia de gritos e detritos onde já não é possível encontrar nenhuma certeza nem cumprir nenhuma destino. No limite, quando vemos Laura Dern e Justin Theroux, algures num canto do estúdio à espera que as filmagens retomem, sentimos que o real se transfigurou até à máxima insensatez: tudo é ficção.