No pós-Grandes Portugueses, está a triunfar um absoluto cinismo social, habilmente favorecido por uns, ingenuamente sustentado por outros. Assim, multiplicam-se os que fazem questão em sublinhar o perfil autoritário de Salazar (e não deixa de ser insólito que, nesse pueril confronto de ideologias, a memória dramática da ditadura do Estado Novo sirva também para ocultar o imenso rol de repressões e os milhões de vítimas inerentes à história do comunismo). Há mesmo quem, dando provas de um frágil idealismo, encare a situação como um forum de discussão do regime democrático. Estranhamente — e cinicamente — poucos falam da RTP, das suas escolhas de programação e do seu continuado papel na infantilização política dos portugueses.
Não, não se trata de demonizar os que fazem a RTP e tomam opções como as que favorecem o deprimente "circo" mediático de Os Grandes Portugueses. Trata-se, isso sim, de contrariar o estado geral de indiferença em relação aos poderes efectivos das televisões e, em particular, de continuar a discutir a responsabilidade social da RTP — esse é um serviço público que, já que a RTP não o cumpre, nós lhe devemos prestar.
Não, não se trata de demonizar os que fazem a RTP e tomam opções como as que favorecem o deprimente "circo" mediático de Os Grandes Portugueses. Trata-se, isso sim, de contrariar o estado geral de indiferença em relação aos poderes efectivos das televisões e, em particular, de continuar a discutir a responsabilidade social da RTP — esse é um serviço público que, já que a RTP não o cumpre, nós lhe devemos prestar.