[A Bola] |
Sempre que a paz social é perturbada por algum evento directa ou indirectamente relacionado com a actividade futebolística, erguem-se vozes empenhadas em desenhar uma fronteira supostamente nítida e definitiva. A saber: os responsáveis por tais perturbações não são verdadeiros adeptos, não têm nada a ver com o gosto do futebol.
Estamos de acordo, mas importa repensar o modo como definimos um contexto de pensamento para lidar com os nossos problemas sociais. Até certo ponto, esta é uma questão em que podemos detectar algum paralelismo com as repetidas discussões sobre as fulanizações gratuitas e os conflitos menos edificantes da nossa cena política. Assim, quando se tenta compreender a complexidade de tais questões, é normal — é mesmo uma muito básica manifestação da inteligência de qualquer um de nós — lembrar que não é possível pensar as dinâmicas da actividade política sem considerar os seus muitos e quotidianos cruzamentos com os meios de comunicação... Ora, nessa altura, há quase sempre alguém disponível para bloquear o pensamento, lembrando que estamos a falar de política, "não de jornalismo".
Estamos de acordo, mas importa repensar o modo como definimos um contexto de pensamento para lidar com os nossos problemas sociais. Até certo ponto, esta é uma questão em que podemos detectar algum paralelismo com as repetidas discussões sobre as fulanizações gratuitas e os conflitos menos edificantes da nossa cena política. Assim, quando se tenta compreender a complexidade de tais questões, é normal — é mesmo uma muito básica manifestação da inteligência de qualquer um de nós — lembrar que não é possível pensar as dinâmicas da actividade política sem considerar os seus muitos e quotidianos cruzamentos com os meios de comunicação... Ora, nessa altura, há quase sempre alguém disponível para bloquear o pensamento, lembrando que estamos a falar de política, "não de jornalismo".
Como? Não se trata, entenda-se, de promover essa estupidez moral (infelizmente, favorecida pelas matrizes mais medíocres do próprio jornalismo) que consiste em reduzir todos os problemas que nos afectam à selecção de um ou vários "culpados" a quem possamos apontar o dedo, lançando-os no fogo de um qualquer tribunal "popular". Não se trata de proclamar que "a culpa é dos jornalistas". Como não se trata de resolver as agressões a pessoas do futebol concluindo que "a culpa é do próprio futebol".
Acontece que o futebol, na sua imensidão cultural (palco de valores) e comercial (envolvendo muitos circuitos financeiros), não pode ser desligado das convulsões que afectam a vida quotidiana do... futebol. Mais do que nunca, essa vida pode e deve ser pensada como um universo que ilustra, explicita ou induz algum modelo de ordem.