Admirável cineasta: já vencedor de uma Palma de Ouro (Sono de Inverno, 2014), o turco Nuri Bilge Ceylan volta a estar presente em Cannes com um espantoso filme — Le Poirier Sauvage/The Wild Pear Tree —, regressando às paisagens da Anatólia para fazer o retrato de um jovem que, depois de concluídos os estudos, volta à sua aldeia. Ao mesmo tempo crónica de um desencanto interior e panorama de uma comunidade alimentada por muitos silêncios e segredos, este é um filme cujo obsessivo realismo da vida social não exlui, antes parece reforçar, uma integração paradoxal, também realista, do mundo privado dos fantasmas. Tudo filmado com uma câmara RED (definição: 6K), verdadeiro prodígio capaz de elevar o detalhe da matéria viva à condição de pintura virtual.