[ Kathryn Bigelow ] [ Martin Scorsese ] [ Pablo Larraín ] [ Andrei Konchalovsky ] [ Stéphane Brizé ]
Estranho processo de discriminação de Terrence Malick. Ninguém espera, como é óbvio, que a sua obra seja tratada como se fosse um objecto de transcendental veneração. O certo é que, depois da consagração quase universal de A Árvore da Vida (2011), é, no mínimo, desconcertante que não se reconheça que os seus títulos seguintes são, afinal, descendentes directos desse filme seminal — em boa verdade, poderiam (ou podem) existir como sucessivos capítulos das forças anímicas e dos princípios narrativos colocados em movimento através A Árvore da Vida. No caso de Música a Música, Malick filma um trio em estado de graça — Michael Fassbender, Rooney Mara e Ryan Gosling — nos cenários do South by Southwest, festival anual da cidade de Austin, no Texas, habitando uma deriva afectiva que, em última análise, compromete a verdade intrínseca de cada identidade. Poucos, como Malick, levaram tão longe a consolidação de uma linguagem do fragmento e do acontecimento efémero sem descolar das matrizes clássicas do melodrama. Como se as relações humanas fossem um sobressalto vivido "canção a canção" — é esse, aliás, o título original: Song to Song.