A primeira longa-metragem de Peter Handke, datada de 1978, voltou às salas — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (9 Fevereiro).
Tal como outras distribuidoras, a Leopardo Filmes continua a apostar nas reposições de filmes “antigos” como uma zona fundamental da exibição. Estando a decorrer um ciclo de filmes de Wim Wenders, surge agora um “desvio” por Peter Handke. Assim, depois de As Asas do Desejo (1987), escrito por Handke, podemos ver ou rever a sua primeira longa-metragem como realizador, A Mulher Canhota, centrada numa composição dessa actriz admirável que é Edith Clever.
Dir-se-ia que A Mulher Canhota, uma produção de 1978 (baseado no romance homónimo de Handke, lançado dois anos antes), nos mostra o avesso das convenções de um tradicional melodrama centrado na separação de um casal. A saga afectiva da mulher surge, assim, como uma imensa paisagem solitária que envolve um delicado processo de redescoberta e reinvenção, instinto e pensamento.