A pergunta já não é sobre as "vantagens" ou "desvantagens" da imagem digital, mas sim, afinal, sobre o que é possível inscrever numa imagem através do digital — que novas fronteiras figurativas estão a ser desenhadas? A produção dos estúdios Disney tem estado na linha da frente desse processo, sendo, por certo, O Livro da Selva, realizado por Jon Favreau, um dos seus exemplos mais extremos. Ao assumir o papel de Mowgli, Neel Sethi acaba por ser o resto do factor humano, convivendo apenas com animais digitais... Mais do que especular sobre o futuro destas técnicas ou a filosofia tecnológica que as fundamenta, importa reter um dos seus peculiares efeitos, aqui e agora: a mãe Natureza deixa de ser o lugar onde se vai (filmar), para existir como o aparato (digital) a que se conferiu um estatuto de lugar. Ecologistas, encore un effort...