Era (e continuou a ser...) o tempo em que as capas dos discos de vinyl, para além da sua dimensão específica, podiam integrar um conceito visual que ligasse capa e contracapa. Assim acontece em Born to Run, de Bruce Springsteen, através da lendária fotografia registada por Eric Meola: a pose de Springsteen com o saxofonista Clarence Clemons (1942-2011) só é visível quando se abre a capa; adquiriu tal valor iconográfico que, muitas vezes, nos concertos da época, os dois aproveitavam algum momento de transição para a "reproduzir" em palco.
Born to Run foi lançado a 25 de Agosto de 1975 — faz hoje 40 anos. Depois de Greetings from Asbury Park, N.J. (1973) e The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle (1973), Springsteen apostava num som menos experimental, mais susceptível de mobilizar grandes audiências. E o menos que se pode dizer é que a transfiguração o impôs como uma nova estrela, sem alienar as raízes patrimoniais do seu rock. Canções como Thunder Road, Born to Run e Jungleland materializam uma ultrapassagem de qualquer resquício de temáticas da adolescência, abrindo para uma dimensão ao mesmo tempo vibrante e confessional que prosseguiria através de Darkness on the Edge of Town (1978), The River (1980) e Nebraska (1982), para atingir o seu cume em Born in the U.S.A. (1984). É assim, por exemplo, que o tema-título abre com estes versos:
In the day we sweat it out on the streets of a runaway American dream
At night we ride through mansions of glory in suicide machines
Sprung from cages on Highway 9, chrome-wheeled, fuel-injected, and stepping out over the line
Whoah baby, this town rips the bones from your back, it's a death trap
It's a suicide rap, we gotta get out while we're young
'Cause tramps like us, baby we were born to run
Hoje mesmo, Bruce Springsteen partilhou uma breve memória de Born to Run. Entretanto, aqui ficam Thunder Road (registo do álbum) e Born to Run (ao vivo).