Dizem as notas biográficas da francesa Eve Risser que o piano não foi uma prioridade na sua expressão: foi surgindo e, de alguma maniera, impondo-se como linguagem dominante. Não admira que, ao escutarmos um álbum tão estranho e fascinante como Des Pas Sur la Neige, sintamos o seu empenho em conduzir o piano (preparado) a zonas de expressão que parecem desmentir a sua identidade, tanto quanto, paradoxalmente, confirmar a sua especificidade. A metáfora da neve, misto de instabilidade e firmeza, envolve uma arquitectura que, no limite, se confunde com o imaginário da cidade: as três faixas do disco chamam-se mesmo, por esta ordem, Des Pas Sur la Neige, Des Pas Sur la Ville e La Neige Sur la Ville — ei-la numa performance no Kongsberg Jazz de 2014.
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