DOURO, FAINA FLUVIAL (1931) |
Nunca foi um cineasta de telemóvel. Manoel de Oliveira amava a profundidade de campo, quer dizer, esse misto de duplicação e reconfiguração que a imagem fotográfica — reconvertida pelo movimento do cinema — é capaz de conter e celebrar. O seu primeiro filme, Douro, Faina Fluvial (1931), enunciava já a apaixonada observação das vivências do povo, desde logo recusando qualquer banalidade pitoresca, turística, culturalmente correcta. Além do mais, Oliveira tinha descoberto Berlin: A Sinfonia de uma Capital (1927), de Walter Ruttman, e conhecia o valor insubstituível da componente mais específica do cinema: a montagem — uma imagem cola-se a outra e, da coabitação das duas, nasce uma terceira entidade.