Foto: N.G. |
CBGB recebeu ordem de despejo
(10 de setembro de 2005)
Apesar das palavras de apoio (inclusivamente do Mayor da cidade, Bloomberg), do mediático concerto a 31 de agosto em Washington Square, dos pareceres judiciais e de declarações de instituições de relevância na vida cultural de Nova Iorque, o CBGB, o seu mais mítico clube de rock, recebeu a já esperada ordem de despejo pelo seu senhorio.
Patti Smith, Talking Heads, Ramones, Blondie, Television, Suicide, Richard Hell... Todos eles nasceram publicamente no pequeno palco do frequentemente lotado CBGB, o mesmo clube que, 30 anos depois de ser maternidade do punk, viu a 31 de agosto chegar ao fim o contrato de arrendamento do espaço que ocupa no número 313 da Bowery, sem sinal algum de vontade do senhorio (o Bowery Resident's Comitee) em renovar o acordo, dado o acumular de três anos de renda por pagar. Nova Iorque corre o risco de perder um dos seus lugares de romaria rock, apontado pela Municipal Arts Society como candidato a um processo de inscrição como património da cidade. A última esperança do clube reside agora numa eventual intervenção do governador ou do Mayor, este último tendo recentemente afirmado que o CBGB é "uma grande instituição de Nova Iorque" e faz parte "da nossa cultura"...
Apesar de não ter nunca voltado a conhecer dias de consequência efectiva no panorama musical da cidade como nesses idos de 1974 a 79, o CBGB mantém uma actividade diária e, uma vez por semana, abre a sala a novos talentos desconhecidos. Não há músico nem melómano roqueiro que não passe por Nova Iorque e não tire a sua foto frente ao CBGB, qual Ramone. Confesso que também o fiz. Mas estava de pólo amarelo em vez do casaco de ganga da praxe. Pouco rock'n'roll, eu sei...
PS. Apesar de todos os esforços o CBGB acabou mesmo por fechar as portas. Fui lá uma última vez em 2006, falei então com o seu fundador, Hilly Krystal, fotografei-o a ele e às paredes do clube. Mas em outubro de 2006, depois de um derradeiro concerto que teve Patti Smith como figura central, o clube fechou mesmo as portas. Hoje mora na mesma casa uma loja de roupa. Entrei lá uma vez. Reparei que uma das paredes (míticas) tinha sido preservada... Mas o preço de um daqueles casacos não era coisa da indumentária de quem, nos tempos de Patti Smith ou Television, andava por aqueles lados.