segunda-feira, agosto 11, 2014

Obrigado, Daniel Radcliffe!

A entrevista que Daniel Radcliffe deu ao jornal The Daily Mail não será exactamente um primor de jornalismo. Os temas destacados no título são elucidativos: namorar, beijar Emma Watson e filmar cenas de nu... Enfim, um rol típico do pitoresco "escandaloso" da mentalidade tablóide. O certo é que, lá mais para o fim, o actor expõe algumas interessantes e severas memórias da sua passagem pela saga de Harry Potter, sendo particularmente contundente em relação ao título que foi lançado em 2009 (tinha, então, 20 anos): "É difícil ver um filme como Harry Potter e o Príncipe Misterioso, porque de facto não sou muito bom nele — detesto-o."
Quer isto dizer que, depois de anos e anos em que assistimos aos mais exuberantes encómios, celebrando as qualidades "juvenis" dos filmes de Harry Potter — e, em particular, a candura dos respectivos intérpretes —, Radcliffe reduz a pó, num só golpe, a pedagogia de todo um imenso colectivo de pais, pedagogos e jornalistas.
É de crer que muitos milhões de membros da geração de Radcliffe, formados na comovente inocência dos heróis de J. K. Rowling, estejam a correr para os consultórios de psiquiatras de todo o mundo, tentando apaziguar este novo trauma de jovens adultos — o "menino" do Harry Potter acha que foi um desastre de representação! Por mim, não posso deixar de lhe agradecer a descarnada lucidez, saudando a sua entrada na idade adulta.