terça-feira, agosto 12, 2014

Novas edições:
FKA Twigs

"LP1"
Young Turks / Popstock
4 / 5

Nem é a nova Björk (a cada cantora que dê uns passos para lá da “norma” as comparações com a islandesa parece que se colam) nem vale a pena perder muito tempo a tirar sentidos sobre seu nome artístico. Na verdade há no álbum de estreia de FKA Twigs – ao qual chamou simplesmente LP1, afinal não mais fazendo que uma derivação natural do modelo de “batismo” que revelara nos seus EPs – ideias bem mais vibrantes a escutar. Do que antecede este disco vale a pena reparar que, antes de ter a música como alma central da sua “voz” artística, Taliah (o nome real da cantora britânica que agora se apresenta como FKA Twigs) focara atenções na dança, espaço que lhe deu mesmo primeiros instantes de visibilidade (nomeadamente em telediscos de figuras como Kylie Minogue ou Jessie J). Heranças naturais de uma relação com o movimento habitam hoje a sua música, espaço presente que deseja responder àquela questão que tantas vezes colocamos: ao que vai soar o futuro? Nos últimos anos, e depois da resposta ter andado, entre outros, pelas mãos dos Animal Collective (que entretanto geraram inúmeras descendências criativas) coube a James Blake a “honra” de ter sido o autor de algumas das mais consistentes e consequentes propostas de busca do que temos pela nossa frente. Com uma série de produtores a assinar colaborações pontuais em temas diversos do disco, FKA Twigs tem em comum com James Blake um gosto (evidente) pelas escolas vocais do R&B, um interesse no labor detalhado de filigranas de electrónicas (e um particular foco na reflexão sobre o discurso rítmico e a sua relação com o silêncio) e a força para enfrentar os desafios do futuro. São contudo figuras diferentes. E em James Blake há uma maior solidez na escrita, um saber mais profundo na relação instrumental – e a presença do piano tem ali um peso “clássico” fulcral – e, sobretudo qualidades vocais que deixam as comparações com FKA Twigs por aqui mesmo. Mesmo não sendo LP1 uma "obra prima" que revolucione já 2014 na próxima esquina, temos aqui uma força nova e cativante. Um nome que desafia os paradigmas e ensaia novos caminhos possíveis a partir do R&B. E um álbum de apresentação que se arruma com facilidade entre as grandes estreias de 2014.