O que a cultura televisiva ignora: criar uma imagem não é "reproduzir" os acontecimentos do mundo, mas acrescentar-lhes um novo acontecimento, mais ou menos reminiscente de outros. Assim, em Adieu au Langage, a dinâmica das formas e das cores: uma mulher muda a posição do seu corpo e o ruivo do seu cabelo emerge como facto cromático e, mais do que isso, entidade que transforma a organização do espaço e a respiração do tempo. Pierre Bonnard (1867-1947) não fez outra coisa — e que o seu museu esteja aqui, tão perto do Palácio dos Festivais, na zona norte do boulevard Carnot, em Le Cannet, eis uma adequada rima simbólica.
PIERRE BONNARD Café 1915 |