Apesar de ainda ativos, os Echo & The Bunnymen ficarão todavia registados na história da pop como uma das mais bem sucedidas (artística e comercialmente) entre as bandas nascidas do pós-punk britânico em finais dos setentas (e com etapa mais significativa da sua obra na primeira metade dos oitentas). Na sua génese está uma força mítica da herança punk de Liverpool, os Crucial Three onde, além de Ian McCulloch (mais tarde o vocalista dos Echo & The Bunnymen) militavam ainda Julian Cope (que partiu para formar os Teardrop Explodes) e Pete Wylie (logo depois nos Wah!). Da separação dos Crucial Three nasceram três bandas que muito contribuíram para a criação de um novo foco de agitação em Liverpool, os Echo & The Bunnymen resultando da reunião de McCulloch com o guitarrista Will Sergeant e, mais tarde, o baixista Les Pattison. Depois de um single de estreia gravado com a ajuda de uma caixa de ritmos, aceitaram o baterista Pete De Freitas na banda e encontraram a formação que caracterizaria a etapa mais criativa da vida do grupo, entre 1980 e 85, na qual se cristalizou um raro casamento entre a herança viva do pós-punk britânico e encantos pelo melodismo e texturas do psicadelismo de finais de 60 (sobretudo convocando aqui os Doors à carteira de memórias).
'Ocean Rain' |
O disco transporta em si as vivências (na primeira pessoa) do panorama pós-punk britânico, mas olhava mais adiante no mapa de referências, convocando sobretudo ecos dos sessentas, dos Beatles aos Doors e mais além. De certa forma está aqui um dos primeiros sinais de um processo de redescoberta de formas e nomes da pop dos sessentas que, nos anos seguintes, teria expressão evidente em discos de bandas como os Primal Scream ou Stone Roses.
Este post inclui elementos de um outro, aqui publicado por mim em 2005.