Bill Britchard
“A Trip To The Coast”
Tapete Records
3 / 5
Se falarmos de Bill Pritchard a um inglês de trinta e tal ou quarenta anos é muito natural que encolha os ombros. Pelo contrário, teremos mais sorte em França, na Bélgica ou Canadá... Tal como Lloyd Cole ou Paddy MacAloon ele foi um dos mais interessantes cantautores britânicos nascidos nos oitentas, expressando os seus discos um tranquilo diálogo entre uma voz algo melancólica e uma música mais dada à luz do dia. O seu segundo álbum, Three Months, Three Weeks & Two Days (de 1989) foi produzido por Etienne Daho, o seguinte Jolie (1991), contando com a presença de Ian Broudie (dos Lightning Seeds) no mesmo lugar. Entre ambos Bill Pritchard definiou uma linguagem pop conduzida pela voz e pelas guitarras, feita de canções de recorte “clássico” e sem vontade em embarcar nos sabores das modas do momento. Depois fez-se silêncio. E talvez a (injustificada) exposição maior do belíssimo Jolie o possa ter explicado. Em 1995 formou uma banda. Em 1998 lançou novo disco. E em 2005 houve um regresso pontual a solo, feito entre inesperadas eletrónicas. Agora, depois de novo e longo silêncio, eis que inesperadamente regressa com A Trip To The Coast, um álbum que parece em tudo procurar um reencontro com a linha que a música que fazia em finais dos oitentas e inícios dos noventas. Depois de ter residido em França, regressou a Inglaterra e, da colaboração com o velho parceiro Tim Bradshaw surgiram as canções que agora apresenta. Este é um disco de indie pop essencialmente acústica feita de linhas simples e claramente marcada pela presença protagonista da voz de Bill Pritchard. Não vai mudar o rumo de 2014 e talvez chame apenas a atenção dos velhos admiradores de Bill Pritchard. Não tem o brilho da produção de Broudie em Jolie. Mas devolve-nos um belo cantautor (e num terreno quem que sabe o que está a fazer).