O catálogo da Naxos apresentou, nos últimos dois anos, uma série de lançamentos de gravações de música orquestral de Peter Maxwell Davies (n. 1934), um dos grandes compositores e maestros britânicos do nosso tempo que, desde 2004, ocupa o lugar de Master of The Queen’s Music (um posto no quadro da corte britânica criado nos tempos de Carlos I e pelo qual passaram nomes como Edward Elgar ou Arthur Bliss).
Figura controversa e firme defensor de causas (foi frontal na oposição a Blair e Brown na questão da guerra no Iraque), Peter Maxwell Davies fez a sua formação entre o Reino Unido, Itália, os EUA (estudou em Princeton com Milton Babbitt) e a Austrália. E desde os anos 60 mantém, além de um trabalho intenso na composição, uma carreira como maestro e frequentes cargos de direção artiística de grandes eventos e festivais. Começou por refletir na sua música um interesse pelo serialismo e em finais dos anos 60 fundou com Britwistle um ensemble de música contemporânea. Porém, a progressiva aproximação a formatos mais “clássicos” depois de finais dos anos 70, que lhe valeria ser comparado a Sibelius, gerou reações menos entusiasmadas do antigo colega de trabalho (e uma das outras grandes referencias da música britânica da segunda metade do século XX).
A relação de Peter Maxwell Davies com a Naxos começaram há pouco mais de dez anos quando a editora lhe encomendou uma série de quartetos de cordas. AS edições recentes no catálogo da editora têm privilegiado sobretudo a sua obra orquestral, em muitos casos apresentando registos de interpretações dirigidas pelo próprio compositor. Aqui vemo-lo frente a três grandes orquestras, interpretando obras que cruzam várias etapas da sua carreira. Datado de 1988, o intenso Concerto para Trompete (com o trompetista John Wallace) assinala o reencontro do compositor com o mesmo instrumento que usou como solista da sua primeira obra orquestral, em 1955 (ainda como aluno). Mais recente, o breve Piccolo Concerto (de 1996) revela uma interessante exploração de faces contrastadas do instrumento, contando com a presença de Stuart McIlwham, para quem a obra foi originalmente composta. O alinhamento inclui ainda o irresistível Maxwell’s Reel With Northern Lights (de 1998), que poderia disputar um campeonato de escrita bem humorada ao lado de um Bernstein. E encerra com o “clássico” conjunto de quadros Five Klee Pictures (composto entre 1959 e 76).