sábado, junho 29, 2013

Para descobrir Jenny Hval (1)

Um rápido bilhete de identidade: norueguesa, à beira de completar 33 anos (nasceu em Oslo, a 11 de Julho de 1980), Jerry Hval respondeu durante alguns anos pelo nome artístico de Rockettothesky. Como tal, gravou dois álbuns: To Sing You Apple Trees (2006) e Medea (2008). Depois, já em nome próprio, lançou Viscera (2011) e, há poucas semanas, Innocence is Kinky — detalhe a não menosprezar nos antecedentes (e desenvolvimentos) desta história: a produção de Innocence Is Kinky é de John Parish, colaborador de PJ Harvey.
Se a sua música se organiza como um espantoso exercício de colagem, capaz de preservar uma estranha fluência romanesca, o teledisco do tema que empresta o título a este último álbum é uma tocante exaltação do mais puro, e também mais pudico, realismo físico. Insisto na palavra: físico. Porquê? Porque em tempos das mais vergonhosas manipulações figurativas do corpo humano, comandadas pela sinistra ideologia da reality TV, Hval vem afirmar uma verdade da pele, dos músculos e dos cabelos que consagra algo que a mais corrente ideologia audiovisual sempre recalca: nenhuma nudez é uma forma de revelação seja do que for. Na verdade, despir um corpo é apenas deslocar o enigma da identidade, anunciando novas paisagens, misteriosas, ambíguas, mais ou menos indizíveis.
Sem insistir demasiado na calculada ironia simbólica do título, permito-me solicitar, por tudo isso, para já, a devida disponibilidade para este Innocence is Kinky — é uma das obras-primas do ano (digo eu...).


>>> Site oficial de Jenny Hval.