sábado, maio 18, 2013

Cannes 2013: Ophüls


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Chama-se Léon, é o cão de Marcel Ophüls e tem direito a presença discreta, mas esencial, nas deambulações do seu dono por esse delicioso filme autobiográfico que é Un Voyageur (Quinzena dos Realizadores). Por onde viagem Marcel? Pois bem, pelas memórias da família e, em particular, pelo trabalho do pai, Max Ophüls (1902-1957), cineasta de génio romanesco, autor de obras admiráveis como Carta de uma Desconhecida  (1948) ou Lola Montès (1955). Sendo Marcel um distinto documentarista, sempre empenhado na reavaliação crítica das matérias filmadas — recorde-se Le Chagrin et la Pitié (1969), sobre o período de ocupação da França pelos nazis —, não admira que esta quase autobiografia seja também um fresco histórico sobre momentos cinematograficamente exemplares, quer na Europa, quer em Hollywood. Tudo tratado com o humor certeiro de um narrador comandado por uma céptica joie de vivre.