O mais recente portfolio de Erwin Olaf intitula-se apenas 'Berlin, 2012' e propõe algumas fascinantes variações sobre o conceito clássico de retrato. Desde logo porque a pose se apresenta indissociável de uma teatralidade que contamina todos os elementos da cena, a ponto de sentirmos que se estabeleceu uma comunicação natural entre a pura presença das coisas e a sua utópica transcendência; depois porque o elemento humano parece, ou aparece, transfigurado em matéria ambígua, reunindo no seu volume o apelo da carne e a mais depurada celebração espiritual. Decididamente, a fotografia, arte do visível, é também uma tarefa cúmplice dos silêncios da invisibilidade.