Foi uma personalidade fundamental na história do cinema italiano na segunda metade do século XX: o escritor e argumentista Tonino Guerra faleceu no dia 21 de Março, na sua casa de Pennabilli, perto de Santarcangelo di Romagna (onde nasceu a 16 de Março de 1920).
Preso pelos alemães, foi deportado durante a Segunda Guerra Mundial, regressando a Itália em 1945: foi no cativeiro que escreveu I Scarabócc, o seu primeiro livro de poemas. Licenciado em Pedagogia, nunca parou de escrever, começando em meados da década de 50 o seu envolvimento com a comunidade cinematográfica. A lista de filmes em cujos argumentos colaborou é impressionante, excedendo uma centena: nela encontramos, entre muitos outros, os nomes de Michelangelo Antonioni (p. ex.: O Eclipse, 1962), Francesco Rosi (O Caso Mattei, 1972), Federico Fellini (Amarcord, 1973), Andrei Tarkovski (Nostalgia, 1983) e Theo Angelopoulos (O Apicultor, 1983). Sempre empenhado em encontrar vias para expressar as visões dos cineastas com que trabalhou, Guerra foi, afinal, um dos que soube reconfigurar a herança do neo-realismo, abrindo as narrativas a novas formas de experimentação.
Entre os seus escritos editados entre nós, inclui-se O Livro das Igrejas Abandonadas, com prefácio de Vicente Jorge Silva, cujo filme Porto Santo (1997) contou com a colaboração de Tonino Guerra na escrita do argumento. Nestas imagens do documentário Tempo di Viaggio (1983), podemos encontrar Tarkovski e Guerra durante a rodagem de Nostalgia.
>>> Obituário no jornal The Guardian.