A ideia é, no mínimo, excelente. A vasta discografia de John Peel (um dos nomes mais importantes da história da rádio e divulgador reconhecido de música alternativa no Reino Unido), que contém algo como perto de 25 mil álbuns e 40 mil singles vai ter direito a museu online. Ou seja, através de e um espaço que responde pelo nome The Space, contando com fundos do Arts Council e da própria BBC, a discoteca de John Peel vai em breve morar junto de todos nós, os milhares de temas e músicos que só ele soube revelar (Nick Drake foi um deles) podendo estar assim ao alcance de um clic. O projeto não é de conclusão imediata, procurando com o tempo a recriação do próprio estúdio de John Peel, a leitura das suas notas pessoais e, eventualmente, espaços de interação.
Esta é uma das melhores notícias que o mundo dos media relacionados com a divulgação musical conheceu nos últimos tempos e promete fazer deste “espaço” de museu digital um complemento ao já importante serviço de divulgação online que a NPR norte-americana tem feito.
Colham-se aqui sementes de reflexão para estes lados. Ora aqui está um modelo eventualmente interessante para uma base de dados com gravações de fado que deve surgir na sequência da sua inscrição como património imaterial da humanidade. E, mais que fazer uma rádio que só toque música portuguesa (não dispensando nunca a playlist uma fatia importante da sua contribuição, naturalmente), aqui está o que a RDP deveria fazer com as suas gravações de arquivo. É certo que o museu online de John Peel não terá apenas música britânica e talvez seja mais centrado nos seus discos que nas muitas sessões que gravou para a BBC. Mas se a RDP entender que o seu papel é o de divulgar a música que entre nós se fez e faz e não o de fazer conversa política (como o é o do projeto de uma Antena 3 100% portuguesa), um museu online das suas sessões, dos velhos “Serões Para Trabalhadores” às gravações que a Antena 3 tem promovido com tantos artistas nos últimos anos, fará bem melhor... serviço público.