sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Os Pet Shop Boys,
segundo Jorge Mourinha


Em tempo que assinala a edição de nova antologia de lados B dedicamos especial atenção este mês aos Pet Shop Boys. E convidámos alguns amigos a contar-nos qual foi o disco da dupla Tennant/Lowe que mais os marcou. Hoje é Jorge Mourinha, jornalista do Público, quem nos fala da versão máxi de Always On My Mind. Um muito obrigado ao Jorge pela colaboração.

No geral, eu era contra os maxis e as versões alongadas dos singles. Achava que pouco mais faziam do que estender sem grande inspiração os três minutos da canção para justificar um apelo para saltar para a pista de dança apenas porque sim. Havia, claro, excepções, mas eram poucas.

E depois os Pet Shop Boys, que assim como assim gostavam de ser do contra e de explicar que as coisas não tinham nada de ser assim, começaram a alinhar excepções atrás de excepções. E a maior delas todas foi o single de Natal de 1988, Always on My Mind, que de um momento para o outro deixou de ser identificado com Elvis Presley para passar a ser um dos delírios tecno-disco-pop de que só Tennant & Lowe eram capazes.

O que eu ouvia naquele maxi (e como eu o ouvi!) não era uma canção esticada artificialmente de três minutos para sete, mas uma mini-ópera de sete minutos que tinha sido encurtada para três no single, milimetrica e meticulosamente concebida para existir ao mesmo tempo na pista de dança e na rádio, não como duas canções diferentes mas como uma mesma canção vista de dois ângulos separados.

E o que eu dancei Always on My Mind nesse Natal dos meus 20 anos à conta desta versão longa - tanto que cheguei a gastar o maxi. Os Pet Shop Boys fariam muitas mais versões longas de estadão, curiosamente quase todas versões (Left to My Own Devices, o medley tresloucado de Can't Get My Eyes Off You e Where the Streets Have No Name, Somewhere) - mas não há amor como o primeiro. E depois de Always on My Mind deixei de olhar de esguelha as versões longas.