Terminada a entrega dos Óscares a soma dos prémios dá um empate a cinco estatuetas douradas, com o filme francês O Artista a vencer, contudo, algumas das categorias principais. A Invenção de Hugo, de Martin Scorsese terminou também a noite com cinco Óscares.
Melhor Filme - 'O Artista'
Melhor Realizador - Michel Hazanavicius ('O Artista')
Melhor Atriz - Meryl Streep ('A Dama de Ferro')
Melhor Ator - Jean Dujardin ('O Artista')
Melhor Atriz Secundária - Octavia Spencer ('As Serviçais')
Melhor Ator Secundário - Christopher Plummer ('Assim é o Amor')
Melhor Argumento Adaptado - 'Os Descendentes'
Melhor Argumento Original - 'Meia Noite em Paris'
Melhor Fotografia - 'A Invenção de Hugo'
Melhor Direção Artística - 'A Invenção de Hugo'
Melhor Guarda Roupa - 'O Artista'
Melhor Caracterização - 'A Dama de Ferro'
Melhor Banda Sonora - 'O Artista'
Melhor Canção - 'Os Marretas'
Melhor Montagem - 'Millenium 1 - Os Homens que Odeiam as Mulheres'
Melhor Som - 'A Invenção de Hugo'
Melhores Efeitos Sonoros' - 'A Invenção de Hugo'
Melhores Efeitos Visuais - 'A Invenção de Hugo'
Melhor Filme Estrangeiro - 'Uma Separação' (Irão)
Melhor Documentário - 'Undefeated', TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas.
Melhor Filme de Animação - 'Rango'
Melhor Curta Metragem de Imagem Real - 'The Shore'
Melhor Curta Metragem Documental - 'Saving Face'
Melhor Curta Metragem de Animação - 'Fantastic Flying Books of Mr Morris Lessmore'
N. G. : A noite não podia ter sido coisa mais sem cor nem som... De resto, e salvo a conversa fiada de quem dava e recebia prémios (e ainda por cima sem um único discurso memorável ao longo de todo o serão), e o pontual episódio Cirque du Soleil, som (leia-se música ou algo mais que as palavras) foi coisa que mal se escutou. Com o Óscar de Melhor Canção reduzido a duas nomeadas, bem que podiam ter encenado a coisa, uma em jeito tropical, a outra em festim à la Marretas. Mas não... Valeu-nos a dupla Cocas/Piggy num camarote por breves instantes. E não fossem as pontuais intervenções de Billy Crystal e do hilariante filme inicial (parodiando instantes dos filmes nomeados), a gala teria sido candidata ao Óscar da mais anorética da história da Academia. A premiação gostou mais de distinguir um filme banal e ligeirinho, feito de clichés e condimentos mais para parecer que para ser, mas recordando de forma chauvinista a memória da própria Hollywood, que optar antes por celebrar uma outra forma de recordar a história do próprio cinema (leia-se, a que Scorsese evoca no bem mais interessante A Invenção de Hugo). De resto, nada que não se esperasse, tanto que raras foram as escolhas a fugir às tendências da premiações pré-Óscares que fizeram as notícias desde meados de janeiro. Com o “grande filme” de 2011 (ou seja, A Árvore da Vida) a zeros e outros momentos realmente maiores da história do último ano cinematográfico, a gala acabou com um encolher de ombros que quem, no fundo, já sabe que outra coisa ali não é de esperar...
J. L. : O quadro ficou traçado a partir do momento em que As Aventuras de Tintin, de Steven Spielberg, não surgiu nas nomeações para melhor filme de animação (ou mesmo para melhor filme, tout court): aqui temos, afinal, uma indústria toda ela virada para os espectaculares avanços do digital (de que o 3D é a bandeira mais evidente) que não consegue, ou não sabe, celebrar o seu próprio vanguardismo tecnológico.
Por um paradoxo algo simplista, foi o ano da nostalgia. Não a nostalgia criativa de Spielberg (Cavalo de Ferro) ou Martin Scorsese (A Invenção de Hugo), mas a caricatura nostálgica de O Artista. Esperemos que, pelo menos, esta vitória francesa (ainda que apoiada no fulgurante sentido de marketing dos irmãos Weinstein) traga algumas mudanças à presença do cinema europeu no mercado dos EUA, de longe muito menos significativa que a dos americanos nas salas europeias. Ou será que apenas se vai reforçar o cliché segundo o qual os europeus são uns patetas alegres que confundem o business com a arte?... Digamos que o espalhafatoso discurso de agradecimento de Jean Dujardin deu uma boa ajuda para o reforço de tal cliché. Encore un effort...