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OPEN YOU HEART (1986) |
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GIVE ME ALL YOUR LUVIN' (2012) |
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Já alguém o disse, de forma muito simples, e é verdade: desde a capa de
Like a Virgin (1984), fotografada por Steven Meisel, Madonna virou literalmente do avesso as funções simbólicas do vestuário da
star — a roupa interior tornou-se signo exterior. Daí o jogo sistemático com as convenções do imaginário
sexy. As meias de rede, por exemplo. Estão na bailarina de
Open Your Heart, realizado por Jean-Baptiste Mondino, e reaparecem em
Give Me All Your Luvin'. Com uma diferença cénica que está longe de ser banal. No teledisco mais antigo, Madonna assume a personagem de uma
stripper observada, através de vidros, por várias personagens; agora, não há barreiras entre a personagem e a multidão masculina, com o colectivo de jogadores de futebol (americano) a envolver-se com ela, em elaborada coreografia, desafiando a força da gravidade. No primeiro caso, a crueldade feminista desemboca num encontro feliz com... uma criança (afastando-se ambos, no final, numa imagem reminescente de Chaplin); no segundo, a protagonista controla por inteiro os artifícios da sua
mise en scène, celebrando um universo sem culpa, de contaminação de todos os géneros de espectáculo.