Em dia de entrega dos Óscares não fazemos uma bolsa de apostas. Antes uma lista de escolhas. Ou seja, os nomes que fosse nossa a decisão, deveriam ganhar as estatuetas.
N. G.: Fosse a lista de nomeados uma outra lista e as escolhas seriam certamente outras. Que quem merecia o Oscar de Melhor Atriz era mesmo Jessica Chastain (em A Árvore da Vida)... E que o filme de Malick devia, pelo menos, estar ainda nomeado para Melhor Montagem e Mistura de Som... Que Clooney deveria ter mais nomeações por Os Idos de Março que por Os Descendentes... Que uma categoria de Melhor Filme de Animação sem As Aventuras de Tintin é coisa ou de distração inexplicável ou de má vontade que não faz sentido. Que há mais e melhores canções que as (apenas) duas nomeadas (coisas de regras que impedem que Masterpiece, de Madonna, que ganhou o Globo de Ouro, possa até concorrer)... Podíamos ficar aqui horas a fio... Enfim... A Academia é a que sabemos que é: 94% brancos, 77% homens, com média de idade nos 62 anos (sendo que abaixo dos 50 anos são apenas 14% dos votantes)... Ou seja, filmes mudos, a preto e branco e ensopadinhos em clichés ligeiro, parecem ser mesmo coisa de ementa para os clientes da casa, certo? A menos que haja surpresas...
Aqui fica uma lista de nomes que mereciam vencer as estatuetas. Uma escolha pessoal, portanto, partindo dos nomeados (e não do universo de hipóteses onde, em muitos casos, outros nomes acabaria por escolher)...
Melhor Filme – A Árvore da Vida
Melhor Realizador – Terrence Malick (A Árvore da Vida)
Melhor Ator Principal – Brad Pitt (Moneyball)
Melhor Atriz Principal – Michelle Williams (A Minha Semana com Marilyn)
Melhor Ator Secundário – Christopher Plummer (Assim é o Amor)
Melhor Atriz Secundária – Jessica Chastain (As Serviçais)
Melhor Argumento Original – A Melhor Despedida de Solteira
Melhor Argumento Adaptado – A Invenção de Hugo
Melhor Fotografia – A Árvore da Vida
Melhor Direção Artística – A Invenção de Hugo
Melhor Guarda Roupa – A Invenção de Hugo
Melhor Montagem – A Invenção de Hugo
Melhor Caracterização – A Dama de Ferro
Melhor Banda Sonora – As Aventuras de Tintin
Melhor Canção – Os Marretas
Melhor Montagem de Som – Drive
Melhor Mistura de Som – A Invenção de Hugo
Melhores Efeitos Visuais – O Planeta dos Macacos
Nas restantes categorias não vi filmes suficientes para poder fazer escolhas...
J. L.: Confesso que tenho alguma nostalgia dos filmes (raros, é certo) que conseguem arrebatar esse mítico quinteto de Oscars que, por assim dizer, resume um grau de absoluta excelência: filme + realizador + actor + actriz + argumento. O último a conseguir tal proeza foi O Silêncio dos Inocentes (1991).
Este ano, tendo em conta as nomeações, já sabemos que a proeza não se vai repetir... Num plano exclusivamente subjectivo, sinto-me tanto mais desamparado quanto um dos filmes que poderiam ambicionar tal performance — Jovem Adulta, de Jason Reitman — teve... zero nomeações.
Direi, então, que gostava que a América do cinema se reencontrasse com as dimensões mais nobres do seu património narrativo. Ficando-me por aquelas cinco categorias (e considerando apenas os nomes disponíveis nas nomeações), aqui fica uma hipótese utópica:
Melhor Filme – Extremamente Alto, Incrivelmente Perto
Melhor Realizador – Steven Spielberg (Cavalo de Guerra)
Melhor Actor – Brad Pitt (Moneyball)
Melhor Actriz – Rooney Mara (Millennium 1)
Melhor Argumento (adaptado) – Nos Idos de Março