Há que reconhecê-lo: os irmãos Weinstein continuam a ser mestres na arte do marketing em Hollywood. A sua promoção de O Artista (desde que o adquiriram, para distribuição, no Festival de Cannes de 2011) vai, quase de certeza, voltar a valer-lhes o Oscar de melhor filme. Mas será que só conseguimos ver & pensar o cinema americano contemporâneo a partir do espírito "competitivo" que a temporada dos Oscars impõe? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (25 Fevereiro), com o título 'Para repensar as memórias do 11 de Setembro'.
Primeiro na Miramax, agora na Weinstein Company, os irmãos Weinstein (Harvey & Bob) são os grandes estrategas do marketing dos Óscares. Entre as suas proezas incluem-se os prémios de melhor filme para A Paixão de Shakespeare (1998), no ano de O Resgate do Soldado Ryan; Chicago (2002), no ano de Gangs de Nova Iorque; e O Discurso do Rei (2010) no ano de A Rede Social. Além do mais, este ano, O Artista, distribuído pela Weinstein Company, vai por certo bater a concorrência de Scorsese, Spielberg, Mallick...
Oportunidade perdida para a Academia distinguir o filme mais visceralmente americano dos nove candidatos: Extremament Alto, Incrivelmente Perto [trailer], notável adaptação do romance de Jonathan Safran Foer que abre todo um novo espaço de narrativa e pensamento para as memórias do 11 de Setembro. Stephen Daldry, o realizador, saíu-se bem da última vez que esteve nos Oscars, com O Leitor (2008), que valeu a estatueta de melhor actriz a Kate Winslet... mas O Leitor era distribuído pela Weinstein Company.
>>> A estreia portuguesa de Extremamente Alto, Incrivelmente Perto está marcada para 1 de Março.