Venceu o prémio da Academia Francesa. É um livro curto, muito curto. Baseado na história (real) de um homem que, sem saber, teve uma inquilina escondida em sua casa durante largos meses.
Na origem uma história verdadeira que chegou aos jornais deste lado do mundo. Durante um ano um homem japonês – funcionário de um gabinete de meteorologia – tinha partilhado, sem o saber, a sua casa com uma mulher que ali vivera escondida, usando os espaços durante o dia, fechando-se num armário de uma sala pouco usada de noite... É daqui que parte o francês Éric Faye que, em Nagasáqui, relata uma história que tem estes factos como ponto de partida (e impressionante ligação com uma realidade que mais parece coisa de ficção).
É um texto curto (nem sequer chega às 100 páginas). Começa por nos dar a conhecer o mundo de um celibatário na casa dos cinquenta, a vida fazendo-se num pêndulo entre casa e trabalho com poucas variações. O aparente desaparecimento de comida, a ideia de que a arrumação com que deixara a casa de manhã não correspondia ao que via à chegada, à noite, levantaram suspeitas. Compra uma webcam. Espia a sua própria casa. E quando vê um vulto tudo faz sentido. É uma mulher, talvez pouco mais velha que ele... E está em sua casa... Nas páginas finais lemos a perspectiva da intrusa. E da soma dos dois relatos fica um retrato de vidas do nosso tempo. De solidão. De precariedade. De rumos perdidos.