François and the Atlas Mountains
“E Volo Love”
Domino Records
3 / 5
As trocas nunca foram coisa lá muito equilibrada entre a música que cruza o canal da mancha. E, apresar de uma relação protecionista que a música popular francesa sempre exerceu sobre si mesma, mais vezes houve nomes ingleses a fazer carreira com visibilidade em França que o cenário contrário. Ali chegaram ecos de Gainsbourg e, mais recentemente, os representantes das novas gerações de genética electrónica, dos Air aos Daft Punk e cercanias... Talvez mais um ou outro fora destes caminhos, mas não muitos mais... Pois com François and The Atlas Mountains a coisa pelo menos deu já direito a alguma exposição mediática (nem que pelo facto de serem editados por uma etiqueta brit). Acontece que, e para baralhar o cenário, François and The Atlas Mountains (que a Domino apresenta como a sua primeira banda francesa), na verdade é um grupo essencialmente constituído por franceses, mas com morada em Bristol (no outro lado do Canal da Mancha, portanto)... São a expressão de um dos caminhos na obra de François Marry que, desde 2003, já editou cinco álbuns a solo e outros tantos por esta sua banda. E Volo Love é na verdade a sua primeira edição numa etiqueta que lhes pode dar outra visibilidade, com uma música mais atenta a referências pop feitas com guitarras (e aqui podemos lembrar as memórias de alguns discos de Etienne Daho ou de Bill Pritchard, um inglês que fez sobretudo carreira em França). Esses ecos moram nas entrelinhas de canções elegantes, simples e pouco maquilhadas (ora cantadas em francês, ora em inglês), pontualmente revelando ecos de sabores africanos e, na essência, revela sinais de ligação a alguma pop essencialmente acústica e tranquila que sempre tem morado na música popular francesa, embora sem grande visibilidade exterior. E Volo Love não é o disco que vai mudar esse cenário. Mas pela mediatização que parte da nova morada encontrada numa editora inglesa de sólido perfil indie, poderá fazer da música de François and The Atlas Mountains uma chamada de atenção para outros caminhos pop (menos electrónicos) que também habitam as canções que vamos escutando em discos criados por músicos franceses.