Mês Philip Glass - 24
'Akhnaten' (1984)
Três retratos de três figuras que, pela sua visão, mudaram o mundo. Einstein na ciência, Gandhi na política, Akenaton na religião. Foram estes os três rostos das óperas-retrato que Philip Glass criou entre meados de 70 e a primeira metade dos anos 80. Foram as suas três primeiras óperas, a cada uma surgindo novos dados e formas, com as três o compositor abrindo espaço àquele que se afirmaria como um dos caminhos centrais da sua obra.
Depois de Einstein on The Beach (1976) e Satyagraha (1980, com Gandhi como figura central), Akhnaten completou a trilogia em 1984 com aquela que representou a que era até então a mais lírica das abordagens de Glass ao espaço da ópera. Tal como nos dois retratos anteriores a criação do libreto teve em conta o valor histórico da figura e de textos (são usadas, por exemplo, cartas e decretos que datam do reinado do faraó de quem se fala). E, depois de uma ópera cantada através essencialmente do enunciar de números e sílabas, e de uma outra em sânscrito, esta juntava o egípcio arcaico ao inglês (nas partes lidas). Pelas características do espaço da sala onde foi estreada (em Estugarda, em 1984), Glass optou por não usa violinos, o que conferiu ao tom final da música uma atmosfera mais grave.
Akhnaten teve estreia em disco em 1987 numa gravação lançada (tal como as duas óperas anteriores) em vinil e CD pela CBS Masterworks. Desde então a mesma gravação teve novo lançamento com outra capa. O tempo fez desta ópera uma das que mais produções tem merecido entre a obra de Glass.