terça-feira, janeiro 17, 2012
Os melhores filmes de 2011
Lançámos há uma semana o desafio aos leitores do Sound + Vison, pedindo que votassem nos melhores filmes do ano. As votações nãom deixam dúvidas, com A Árvore da Vida de Terrence Malick e Sangue do Meu Sangue, de João Canijo, a destacar-se claramente na votação, abrindo inclusivamente um largo fosso face à votação nos segundos classificados. Aqui ficam as listas finais da votação.
INTERNACIONAL:
1º – A Árvore da Vida – 90 votos
2º – O Cisne Negro – 21
3º – Super 8 - 18
4º - Melancolia - 16
5º - Drive – 14
6º - Um Método Perigoso – 8
7º - O Tio Bonomee que se Recordava das Suas Vidas Anetriores – 7
8º - Essential Killing e A Melhor Despedida de Solteira - 6
Com 5 votos: As Quatro Voltas, Filme Socialismo, Inquietos, Mel, O Discurso do Rei, Submarino, Uma Separação
Com 4 votos: A Pele Onde Eu Vivo, Crazy Horse, Habemus Papam, Indomável, O Deus da Carnificina,
Com 3 votos: A Autobiografia de Nicolae Ceausescu, Hereafter, Nos Idos de Março,
Com 2 votos: A Conspiradora, As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne, A Toupeira, Carlos, Isto Não é Um Filme, O Miúdo da Bicicleta, Pina, Planeta dos Macacos – A Origem,
Com 1 voto: A Dívida, Amores Imaginários, A Nossa Vida, As Serviçais, O Atalho, Rubber – Pneu, Sem Destino,
Sem votos ficaram os filmes Aurora, Contágio, Copacabana, Despojos de Inverno, Hadewijch, Histórias de Shangai, O Código Base, Potiche, Uivo, Um Dia, Vénus Negra.
Outra escolha: 14 votos
Não vi nenhum destes filmes: 3
NACIONAL:
1º - Sangue do Meu Sangue - 73
2º - Efeitos Secundários – 30
3º - É na Terra não é na Lua – 11
4º - O Estranho Caso de Angélica - 7
5º - 48 – 6
6º - Alvorada Vermelha – 5
7º - Cisne - 4
Com 2 votos: A Cidade dos Mortos, Quinze Pontos na Alma, O Barão,
Com 1 voto: A Espada e a Rosa, Águas Mil, América, A Morte de Carlos Gardel, E o Tempo Passa, Com Que Voz, Complexo Universo Paralelo, Quem Vai à Guerra, Viagem a Portugal
Sem votos ficaram os filmes: Durante o Fim, Palácios de Pena, O Inferno, O Meu Raúl, Trabalho de Actriz Trabalho de Actor, Voodoo
Não vi nenhum destes filmes: 35
Outra escolha – 4
N.G.: Não há dúvidas. A Árvore da Vida é o filme que mais votos soma (nas duas listas). Foi o grande filme de 2011, é um grande filme do nosso tempo e será recordado um dia como um marco deste tempo... Apesar de ter vencido a Palma de Ouro em Cannes, não deixa contudo de ser estranha a sua ausência nas premiações mais mediatizadas. Zero nomeações nos Globos de Ouro... E vamos ver se nos Oscares soma mais que categorias técnicas como Montagem e Direção de Fotografia. Além de ser o Melhor Filme do Ano e Terrence Malick o mais justo ganhador de um qualquer prémio para Melhor Realizador, o filme justificaria por tudo um prémio de interpretação para Jessica Chastain, mas enfim... Verão mais que os êxitozinhos de multiplex os senhores jornalistas que escrevem sobre cinema em Hollywood (que decidem os Globos de Ouro) e os demais profissionais da indústria local (que votam nos Oscares)?... Adiante...
Sangue do Meu Sangue é também claro (e justo) vencedor na tabela local. Curioso é ver ainda os filmes de Gonçalo Tocha e da dupla João Pedro Rodrigues/João Rui Guerra da Mata – respetivamente É na Terra não é na Lua e Alvorada Vermelha) – que só tiveram ainda passagem em festivais, a chamar considerável atenção. Preocupante é, depois, a votação em massa (18% dos votos) na opção “não vi nenhum destes filmes” quando se fala do cinema português...
J.L.: É um facto: entre os espectadores de cinema português, há um lote significativo (mais de um terço nesta votação) que não vê... filmes portugueses. A avaliação do problema (porque de um problema se trata, ao mesmo tempo comercial e cultural) está viciada pelos mais agressivos maniqueísmos, conforme o gosto de quem os manipula: os filmes são "maus", os espectadores são "estúpidos", etc., etc., etc... Talvez valha a pena relembrar o mais evidente. A saber: há mais de três décadas que o audiovisual português deixou triunfar um modelo asfixiante — a telenovela — e só por insuperável inocência ou incorrigível cinismo se pensará que tal dominação (estética e financeira) é indiferente para a simples existência do cinema português. Há muitos anos também, muito para além (ou aquém) do melhor ou do pior que os cineastas vão fazendo, faltam decisões políticas — e de política cultural — que apostem em superar este estado de coisas. That is the question.