terça-feira, dezembro 13, 2011

'Bambi' (1942)
por João Moço


Este mês pedimos a uma série de amigos que nos falassem do “seu” filme da Disney. Hoje recordamos Bambi, longa-metragem de 1942 que aqui é evocada por João Moço, jornalista do DN. Um muito obrigado ao João pela colaboração. 

Há um ano revi o filme Bambi. Voltei a fazê-lo muito recentemente e a mesma ideia se colou à minha mente durante estas duas vezes em que revi o filme na “idade adulta”. Bambi é demasiado cruel para as crianças. E aqui a palavra “demasiado” não implica que o filme devesse de ser censurado pelos pais e afastados dos olhos dos mais pequenos. Não devia por uma razão simples. É que ao verem este clássico da Disney percebem de vez que o que vão ter pela frente se resumirá a uma sucessão de perdas irreperaráveis, de uma crueldade cega. O pessimismo não é para aqui chamado, mas tenho a certeza de que Bambi foi, em grande parte, responsável, por ter percebido desde miúdo que não se pode contar com rigorosamente nada. Da aparente felicidade irrompe sempre uma noite cruel onde nos tiram a mãe. Claro que no final o Bambi contou com o apoio do pai, encontrou retribuição dos seus sentimentos, tornou-se rei do seu mundo. Afinal, estamos a falar de um filme da Disney. Mas também sabemos que aquela pobre criatura seguirá o resto dos seus dias com a perda cravada no código genético. Porque a partir do momento em que cá chegamos, já estamos a perder.