sexta-feira, novembro 18, 2011

Nos 30 anos de 'Tin Drum' (5/5)


Ao longo desta semana assinalámos aqui os 30 anos da edição de Tin Drum, a obra-prima dos Japan. Disco lançado em Novembro de 1981, era o quinto de originais do grupo. Recorde-se que a carreira em disco dos Japan começara em finais dos anos 70 com Adolescent Sex e Obscure Alternatives (ambos de 1978), dois álbuns mais próximos de um repensar de ideários glam que do clima pós-punk que então se vivia. Em 1979, depois de uma experiência disco com Giorgio Moroder em Life In Tokyo, encontraram o seu caminho em Quiet Life (1980), onde propõem uma nova visão pop mais sofisticada, herdeira da face arty de uns Roxy Music, abrindo ainda espaço à presença das novas electrónicas, somando a tudo a presença única do baixo de Mick Karn e a voz sóbria e delicada de David Sylvian. Ainda em 1980 aprofundam ideias em Gentlemen Take Polaroids, acabando reconhecidos (mais por afinidade com o contexto que outra coisa) como nome de proa do movimento neo romântico.


É contudo com Tin Drum que os Japan vão decisivamente mais longe que nunca. O álbum expressa uma visão pop depurada quer de marcas de época quer da adiposidade com que então as novas técnicas de produção davam carne ao corpo de muitos discos. A esta lógica algo minimalista juntam um interesse entretanto aprofundado pelas culturas orientais, a vivência japonesa entretanto colhida entre viagens e leituras e uma curiosidade pela cultura chinesa marcando presença no disco como elemento natural da sua personalidade, nunca como exotismo decorativo. Instrumentos asiáticos sublinham a arquitectura rítmica das canções e definem algumas das linhas melódicas. As canções vão desde uma expressão sofisticada de ideia pop, como em Visions of China ou Cantonese Boy, a viagens mais interessadas em procurar o espaço (e eventualmente o silêncio), sinais que encontramos em momentos como Ghosts ou Sons Of Pioneers, alargando mais longe ainda o espectro de referências quando, em Canton, citam formas da música chinesa. 30 anos depois Tin Drum não é apenas um clássico. É uma visão capaz de expressar (como poucas) como, a partir de uma linguagem comum (a da canção pop) se pode afirmar uma ideia única. E irrepetível.